Escrever me transporta pra onde quero estar. Às vezes digitar não me basta, preciso sentir a tinta tocando o papel, os dedos desenhando as letras e sinto as palavras surgindo, dando vazão aos sentimentos, alguns já conhecidos, outros sendo apresentados. Aos poucos vou me distanciando, o cheiro da tinta me embriaga e então acontece.
Vejo-me viajando por caminhos ainda não desbravados, é preciso um grande esforço para abrir passagem, mas pareço saber onde a trilha vai dar. Enquanto o caminho se abre a minha frente, sob meus pés ficam os detritos do mato ceifado. Sim, é preciso cuidado.
Nunca imaginei que no mundo dos sonhos haviam obstáculos, nem fadiga. E já que eu posso escolher onde quero estar, por que é preciso abrir caminhos? É, talvez eu ainda esteja aprendendo a me transportar pelo mundo mágico do papel. Talvez eu ainda segure a caneta com muita força. Mas sigo escrevendo.
Ana Paula Silva
(Aguarde continuação)