É inverno, o frio enrijece o corpo e faz a mente pensar. E os pensamentos divagam pela vida a fora. Penso no longe e no perto, e esses se confundem, passado e presente parece não se distanciar um do outro nos meus devaneios. Mas, em ambos, vejo a força que houve e há no meu modo de vida, vejo força em minhas escolhas, nos meus aprendizados constantes, na diversidade de atividades já desenvolvidas, vejo força nas pessoas que cativei e, também, nas que roubaram partes do meu coração e levaram com elas. Vejo força no meu coração em pedaços, vejo força na música que toca aos meus ouvidos. Sim, eu vejo força em mim.
O frio tem o estranho poder de me remeter ao passado, a sensação de encolher o corpo para me proteger, acaba por lembrar a posição de medo, de pequenez, e faz-me lembrar os erros. Ainda bebês tentam nos ensinar o certo e o errado, crescemos com esses conceitos, e com o propósito de fazer sempre o certo. A vida vai passando e vamos aos poucos percebendo que nem sempre acertamos, apesar do propósito, a linha que divide o certo do errado parece fazer curvas, emaranha-se, e nem sempre conseguimos reencontrar a ponta do fio. Com esses erros incalculados a vida vai mudando o rumo, nos vemos em caminhos nunca sonhados, ora bons, ora ruins. E temos que encontrar forças no tempo presente, em nós mesmos, quase o tempo todo, para seguir ou mesmo para recomeçar um novo caminho.
Vejo força em mim quando busco conhecimento para executar uma tarefa, quando busco recursos para fazê-la com eficiência e zelo. Sinto minha força, quando meu coração se mostra doce e terno diante de uma situação de amor ou dor, quando me sinto capaz de amar. Observo minha força quando meus olhos ficam perplexos diante do belo ou meus ouvidos sensíveis a uma bela canção.
Enfim, sinto-me aquecida quando percebo que ser forte não nos protege dos obstáculos, nem nos garante o caminho certo, que ser forte é simplesmente a nossa capacidade de seguir.
Ana Paula Silva