O limite da sinceridade
Para
tudo precisamos estabelecer um limite, por mais fortes que as pessoas se
apresentem, todas elas tem o que chamamos de “sentimentos” e esses não devem
ser feridos. Temos que ser cuidadosos com os sentimentos dos outros. Muitas
vezes nós acreditamos que sinceridade é tudo, que devemos ser sinceros o tempo
todo, mas, qual o limite, em que essa sinceridade vai ajudar o outro? É muito difícil estabelecermos limites.
Tudo faz bem até determinado limite, a água sacia a sede, mas se bebemos muita
água, morremos afogados, o fogo aquece, mas se intensificado, queima a pele, assim
também vejo a sinceridade. É muito louvável uma pessoa sincera, mas devemos nos
ocupar dos sentimentos (dos nossos e das outras pessoas) para nos orientar no
momento de nossas falas, de nossos desabafos. Na intensão de sermos
verdadeiros, muitas vezes magoamos alguém, sem em nada ajudar aquela pessoa.
Cada
pessoa é um ser único, devemos respeitar esse fato. Todos nós somos diferentes,
pensamos diferentes e temos limites diferentes para cada situação. Devemos
procurar usar da sensibilidade para perceber o outro, sentir suas
possibilidades, seu momento de vida, suas dores, seus desejos. Só porque uma
pessoa é boa, forte e inteligente, não significa que essa pessoa esteja pronta
para suportar nossos ataques de sinceridade. Devemos ter muito cuidado, mesmo
que estejamos diante de “defeitos corrigíveis”, cada um tem seu momento, e há
momentos em que não se tem forças para corrigir nada e aquelas palavras (na
tentativa de sermos sinceros e ajudar) só irão trazer dor, só irão ferir aquela
pessoa.
Não
é fácil calar, muitas vezes ouvimos colocações de nossos amigos, de nossa família,
de nossos amores, que temos vontade de responder, de fazer colocações em
relação àquela pessoa, às vezes, elas estão nos falando de defeitos que elas
mesmas têm e não são capazes de identificar, e fica muito difícil de calar
diante disso. Mas é preciso nos esforçar, pensarmos em que nossas palavras
poderão ajudar, em que nossa sinceridade vai acalentar a alma daquele ser. Se
verificarmos que nada mudará a partir disso o mais certo é calar. É mais
importante cuidarmos dos sentimentos dos outros, e, controlarmos os nossos
próprios, para que com melhores sentimentos em nossa volta, possamos nos tornar
pessoas melhores e ter a cada dia mais perto de nós aquelas pessoas queridas. Estabelecer
um limite entre a sinceridade e o silêncio é uma arte.
Ana Paula Silva
Autora do Livro: Me Apaixonei Por Um Poeta
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