Me apaixonei por um poeta

"Sempre podemos estar em festa, se estamos de bem com a vida."

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Conto: Rosas Amarelas


Rosas amarelas

            Amanhecia. Amanda acordava, ao som do despertador, para mais um dia de trabalho. Ela ainda estava sonolenta, não havia dormido direito, mas não deixava de abrir as cortinas para observar a vista da janela de seu apartamento, que a permitia ver o espetáculo que era o nascer do sol em meio a montanhas verdes, e, sempre ficava ali, alguns segundos, como se buscasse energias para desenvolver suas atividades.
            Amanda era uma jovem mulher, muito bonita aos 27 anos. Ela era morena, cabelos castanhos claros na altura dos ombros. Ela era casada, tinha um casal de filhos, com 3 e 5 anos, crianças bonitas e alegres, as quais ela dedicava todo seu tempo livre. Seu marido era um homem de 45 anos, bonito, bem sucedido, que no início do relacionamento se mostrou um homem muito apaixonado.
Amanda viveu momentos de imenso amor com Gilberto, ela era feliz por ter uma família, dedicava-se a eles com todo seu amor. Mas, nos últimos tempos, Gilberto andava meio distante, já não era tão carinhoso como de costume e as viagens a trabalho também aumentaram bastante. Amanda já havia conversado muito com ele a respeito e ele sempre negava que algo tinha mudado, falava que ele só estava trabalhando bastante e que o resto ficava por conta da imaginação fértil dela.
Ela chegava a acreditar nele, ele ficava mais carinhoso nos dias seguintes as conversas, mas logo em seguida ela voltava a sentir que tudo estava mudado, ela sentia muito mal com isso, e já estava afetando o seu dia a dia. Ela se sentia fraca, não tinha a disposição habitual.
Após Amanda absorver as vibrações positivas que o nascer do sol a proporcionava, ela corria para preparar o café da manhã, acordar as crianças, arrumá-las para a escolinha. Sentavam todos à mesa para o café da manhã, que normalmente, por causa dos horários corridos, era a única refeição que faziam todos juntos. Quando Gilberto chegava a noite, as crianças normalmente já dormiam.
Amanda trabalhava como assistente administrativo numa empresa, com carga horária de 6h por dia, que dava a oportunidade dela viver muitos momentos com seus filhos.
Numa determinada manhã de quarta feira, assim que ela chega no trabalho, recebe uma entrega de uma linda rosa amarela, e seu coração se enche de alegria. Ela recebe a rosa e pergunta quem enviou, pois não tinha cartão. E o entregador diz não saber. Que só mandaram entregar. Amanda cheirou a rosa e correu para pegar o celular na bolsa, para agradecer a gentileza a Gilberto. Ela havia ficado muito feliz, passou um filme na cabeça dela, ele estava voltando a ficar romântico novamente, pensou ela. Mas de repente ela se lembra, que estranho, ele sempre me enviava vasos de flores, nunca rosas. “E uma única rosa?” E seus pensamentos ficaram confusos.
Gilberto atende o telefone e ela logo descobre que a rosa não veio dele. Seu coração dispara, seus sentimentos variam entre felicidade e medo. Ela se sentia bem por saber que ainda despertava o interesse de um homem e sentia medo, pois, amava seu marido e não gostaria de perturbar, ou, alimentar seu coração para outra relação, mesmo vivendo um momento difícil no casamento, ela acreditava que tudo se resolveria e voltariam a ser o casal apaixonado que fazia inveja a todos.
Amanda colocou a rosa num solitário e procurou não pensar muito a respeito. Logo as atividades do trabalho a chamaram toda a atenção e seu dia seguiu a rotina.
No dia seguinte, quando ela chega no trabalho, uma nova rosa amarela já se encontrava sobre sua mesa. Ela não consegue controlar seu coração. E começou a pensar em quem seria seu admirador secreto. Assim se passaram todos os dias, ela já esperava todas as manhãs por sua rosa amarela. Com o passar dos dias, Amanda foi percebendo sua alegria voltando, ela já tinha sua disposição de volta, as crianças quem mais aproveitavam nas brincadeiras.
Mais de um mês se passou, e as rosas continuavam chegando, mas, na manhã de uma sexta feira, a rosa que chegara foi vermelha, e tinha um cartão que dizia: “As rosas amarelas iluminaram seus dias, com as vermelhas quero chegar ao seu coração.” E Amanda, estremeceu, ela estava ansiosa por saber quem a enviava as rosas. Ela já nem se sentia incomodada com seus problemas de relacionamento com Gilberto. Seus pensamentos se voltavam para as rosas, que já ocupavam um vaso, que ela retirava as que murchavam e as renovavam todos os dias.
Gilberto começa a perceber que a esposa não o questionava mais, percebeu que andava mais bonita, se perfumava mais, tinha um brilho diferente nos olhos e ele começou a ter crises de ciúmes para com ela. Ela se assustou, porque ele nunca tinha demonstrado ciúmes para ela e dentro de si, abriu um sorriso e pensou “será que terei meu marido de volta?”
Gilberto voltou a ser carinhoso com Amanda, que continuava recebendo rosas vermelhas todos os dias, por mais um mês, porém sem cartões. Amanda não entendia porque alguém que queria conquista-la não se apresentava e continuava mandando as rosas.
Gilberto estava com muito medo de perder Amanda, ele havia percebido que ela tinha razão quando fazia suas queixas da distância dele e resolveu que diminuiria seu ritmo de trabalho e cuidaria melhor de sua família.
Então convidou sua esposa para uma viagem de férias, participou da organização, começaram a fazer passeios juntos, trocar ligações durante o dia. Estavam muito felizes.
Um belo dia, depois de algum tempo que o casamento estava restaurado, Amanda chegou e não encontrou a rosa em sua mesa, questionou com o porteiro se ninguém havia a procurado e nada, esperou e a rosa não chegou.
No mesmo dia a noite, sua mãe a convida para um café e a revela que as rosas vinham dela. Que ela ouvira as queixas da filha e pensou em uma forma de ajuda-la e percebeu que a única forma de ajuda-la seria levantando sua autoestima. E nada melhor para despertar uma mulher, do que fazê-la se sentir especial.
E elas se abraçaram e deram muitas gargalhadas juntas.

Ana Paula Silva
Autora do Livro: Me Apaixonei Por Um Poeta



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