Rosas amarelas
Amanhecia. Amanda acordava, ao som do despertador, para
mais um dia de trabalho. Ela ainda estava sonolenta, não havia dormido direito,
mas não deixava de abrir as cortinas para observar a vista da janela de seu
apartamento, que a permitia ver o espetáculo que era o nascer do sol em meio a
montanhas verdes, e, sempre ficava ali, alguns segundos, como se buscasse
energias para desenvolver suas atividades.
Amanda era uma jovem
mulher, muito bonita aos 27 anos. Ela era morena, cabelos castanhos claros na
altura dos ombros. Ela era casada, tinha um casal de filhos, com 3 e 5 anos,
crianças bonitas e alegres, as quais ela dedicava todo seu tempo livre. Seu marido
era um homem de 45 anos, bonito, bem sucedido, que no início do relacionamento se
mostrou um homem muito apaixonado.
Amanda viveu momentos de imenso amor com Gilberto, ela
era feliz por ter uma família, dedicava-se a eles com todo seu amor. Mas, nos
últimos tempos, Gilberto andava meio distante, já não era tão carinhoso como de
costume e as viagens a trabalho também aumentaram bastante. Amanda já havia
conversado muito com ele a respeito e ele sempre negava que algo tinha mudado,
falava que ele só estava trabalhando bastante e que o resto ficava por conta da
imaginação fértil dela.
Ela chegava a acreditar nele, ele ficava mais carinhoso
nos dias seguintes as conversas, mas logo em seguida ela voltava a sentir que
tudo estava mudado, ela sentia muito mal com isso, e já estava afetando o seu
dia a dia. Ela se sentia fraca, não tinha a disposição habitual.
Após Amanda absorver as vibrações positivas que o
nascer do sol a proporcionava, ela corria para preparar o café da manhã,
acordar as crianças, arrumá-las para a escolinha. Sentavam todos à mesa para o
café da manhã, que normalmente, por causa dos horários corridos, era a única
refeição que faziam todos juntos. Quando Gilberto chegava a noite, as crianças
normalmente já dormiam.
Amanda trabalhava como assistente administrativo numa
empresa, com carga horária de 6h por dia, que dava a oportunidade dela viver
muitos momentos com seus filhos.
Numa determinada manhã de quarta feira, assim que ela
chega no trabalho, recebe uma entrega de uma linda rosa amarela, e seu coração
se enche de alegria. Ela recebe a rosa e pergunta quem enviou, pois não tinha
cartão. E o entregador diz não saber. Que só mandaram entregar. Amanda cheirou
a rosa e correu para pegar o celular na bolsa, para agradecer a gentileza a
Gilberto. Ela havia ficado muito feliz, passou um filme na cabeça dela, ele
estava voltando a ficar romântico novamente, pensou ela. Mas de repente ela se
lembra, que estranho, ele sempre me enviava vasos de flores, nunca rosas. “E
uma única rosa?” E seus pensamentos ficaram confusos.
Gilberto atende o telefone e ela logo descobre que a
rosa não veio dele. Seu coração dispara, seus sentimentos variam entre
felicidade e medo. Ela se sentia bem por saber que ainda despertava o interesse
de um homem e sentia medo, pois, amava seu marido e não gostaria de perturbar,
ou, alimentar seu coração para outra relação, mesmo vivendo um momento difícil
no casamento, ela acreditava que tudo se resolveria e voltariam a ser o casal
apaixonado que fazia inveja a todos.
Amanda colocou a rosa num solitário e procurou não
pensar muito a respeito. Logo as atividades do trabalho a chamaram toda a
atenção e seu dia seguiu a rotina.
No dia seguinte, quando ela chega no trabalho, uma nova
rosa amarela já se encontrava sobre sua mesa. Ela não consegue controlar seu
coração. E começou a pensar em quem seria seu admirador secreto. Assim se
passaram todos os dias, ela já esperava todas as manhãs por sua rosa amarela.
Com o passar dos dias, Amanda foi percebendo sua alegria voltando, ela já tinha
sua disposição de volta, as crianças quem mais aproveitavam nas brincadeiras.
Mais de um mês se passou, e as rosas continuavam chegando,
mas, na manhã de uma sexta feira, a rosa que chegara foi vermelha, e tinha um
cartão que dizia: “As rosas amarelas iluminaram seus dias, com as vermelhas
quero chegar ao seu coração.” E Amanda, estremeceu, ela estava ansiosa por
saber quem a enviava as rosas. Ela já nem se sentia incomodada com seus
problemas de relacionamento com Gilberto. Seus pensamentos se voltavam para as
rosas, que já ocupavam um vaso, que ela retirava as que murchavam e as
renovavam todos os dias.
Gilberto começa a perceber que a esposa não o
questionava mais, percebeu que andava mais bonita, se perfumava mais, tinha um
brilho diferente nos olhos e ele começou a ter crises de ciúmes para com ela.
Ela se assustou, porque ele nunca tinha demonstrado ciúmes para ela e dentro de
si, abriu um sorriso e pensou “será que terei meu marido de volta?”
Gilberto voltou a ser carinhoso com Amanda, que
continuava recebendo rosas vermelhas todos os dias, por mais um mês, porém sem
cartões. Amanda não entendia porque alguém que queria conquista-la não se
apresentava e continuava mandando as rosas.
Gilberto estava com muito medo de perder Amanda, ele
havia percebido que ela tinha razão quando fazia suas queixas da distância dele
e resolveu que diminuiria seu ritmo de trabalho e cuidaria melhor de sua família.
Então convidou sua esposa para uma viagem de férias,
participou da organização, começaram a fazer passeios juntos, trocar ligações
durante o dia. Estavam muito felizes.
Um belo dia, depois de algum tempo que o casamento
estava restaurado, Amanda chegou e não encontrou a rosa em sua mesa, questionou
com o porteiro se ninguém havia a procurado e nada, esperou e a rosa não
chegou.
No mesmo dia a noite, sua mãe a convida para um café e
a revela que as rosas vinham dela. Que ela ouvira as queixas da filha e pensou
em uma forma de ajuda-la e percebeu que a única forma de ajuda-la seria
levantando sua autoestima. E nada melhor para despertar uma mulher, do que
fazê-la se sentir especial.
E elas se abraçaram e deram muitas gargalhadas juntas.
Ana Paula Silva
Autora do Livro: Me Apaixonei Por Um Poeta
Versão Impressa: https://www.clubedeautores.com.br/books/search?utf8=%E2%9C%93&where=books&what=me+apaixonei+por+um+poeta&sort=&topic_id=
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