Conto: A menina, o amor e o vento |
Ela estava ali, diante da beleza inebriante do mar, os primeiros raios de sol refletiam nas águas calmas, que pareciam formar uma espécie de espelho, confundindo céu e mar, e, o vento leve e perfumado tocava seu rosto suavemente, enquanto seus olhos negros brilhavam, tentando conter em si as emoções, mas foi em vão, as lágrimas acabaram se fazendo e aquela mulher madura, sempre tão forte e determinada, sentiu-se, novamente, uma menina.
As lágrimas rolavam em silêncio, o único barulho era do mar, das ondas que podiam tocar seus pés, a sensação de faltar o chão que, o vem e vai das ondas lhe causavam, e, diante de toda aquela beleza que seus olhos presenciavam, seu coração ficou pequeno, era como se a vida estivesse lhe presenteando com uma nova chance.
Ela fecha os olhos, toda sua vida passa pela sua cabeça naquele momento, como um filme, muitas coisas boas e, também, momentos difíceis que vivera lhe voltavam a memória. Mas, apesar das lágrimas que rolavam incessantes em seu rosto, o momento não era de tristeza. A sensação era que aquelas lembranças estavam cedendo lugar, como se estivessem sendo compactadas e gerando novo espaço em seu interior, espaço em branco, espaço livre para ser preenchido com novas coisas, novas emoções.
A sensação era como se ela tivesse voltado no tempo e fosse novamente uma menina, capaz de experimentar, de ver o novo com esperanças, de cuidar, de acreditar e, principalmente, de amar.
Então ela abriu os olhos, as lágrimas se intensificavam a cada momento. O vento a tocava suavemente, não mais a mulher, mas a menina que ressurgiu naquele momento.
E ela, conduzida pelo vento, que parecia querer lhe apresentar o amor, começou a caminhar pela areia, em passos lentos, aos poucos as lágrimas a deixavam apreciar a paisagem novamente e seu coração palpitava, cada vez mais forte. A expectativa crescia, o vento parecia sussurrar em seu ouvido uma melodia suave, romântica, que lhe dava a certeza do encontro próximo. Ela parou por um instante, o mar refletia todas as cores, fechou os olhos diante daquela beleza, como se quisesse absorve-la.
Assim a menina seguiu a partir daquele momento, sem medo, pronta para conhecer o amor, amar sem medida, livre para se entregar e se deixar prender nos braços desse amor. E foi assim que um simples toque do vento em sua face, pode mudar o rumo de sua vida...
Ana Paula Silva
Ana Paula Silva
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