A distância mexe com a
imaginação
É difícil medir a distância. O longe, o perto, o espaço de
tempo, tudo é relativo. Já me senti tão perto de gente, de coisas, de lugares
que estão a quilômetros ou anos de mim, e já me senti tão distante de algo em
minhas mãos. Tudo depende de como alimentamos a nossa imaginação. Não é fácil
lidar com a distância, pois, a nossa imaginação é muito fugaz, e, efêmera como
uma flor.
Quem nunca viajou por algum lugar especial, ao ler um livro,
por exemplo? Quantas vezes é tão fácil se sentir caminhando nos limites do
Castelo de Córdoba, sentir o cheiro de um pergaminho escrito a centenas de
anos. Como é fácil sentir a euforia que provoca um grande amor como o de Marco
Antônio e Cleópatra, sentir na boca o gosto do veneno bebido por Julieta e a
dor mortal no coração de Romeu ao imaginar ter perdido para sempre seu amor. É fácil
sentir o gelo do mármore num abraço demorado de Pigmaleão a sua amada Galatéia.
É fácil se nos entregamos a imaginação e nos permitimos viajar pelos
sentimentos e pelo tempo, ignorando a distância.
Mas, quando se trata do que está perto de nós, tendemos a
controlar esses sentimentos e nossa imaginação nos trai. Por que não nos
entregamos à realidade do dia a dia, como nos entregamos ao que está distante
da gente? Será que a distância existe? Ou será que nós nos distanciamos do que
nos atormenta ou simplesmente não ligamos por que está ali a disposição?
Não tenho respostas, só perguntas. Mas, quero o mais bonito
dos passeios, quero sentir a brisa no rosto enquanto eu andar pela rua, quero
sentir o cheiro da tinta no papel quando escrevo, quero a euforia e a calma, quero toda contradição do amor. Não quero que minha
imaginação me traia e afaste de mim lugares, coisas e pessoas ou me engane
distanciando de mim os sentimentos que nos é essencial. É gratificante sentir,
rir, chorar, sentir dor, sofrer por amor. É felicidade viajar lendo um lindo
romance, e, é lindo sentir o cheiro de vida.
Ana
Paula Silva
Autora
do Livro: Me apaixonei por um poeta
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